Monday, January 30, 2006

Naquela tarde.

Toca o telefone, é Lúcia.

_Oi!

_Oi!

_Tenho uma coisa pra te contar.

_Aé? Humm... conta.

_Ele vai casar!!!
_Ele? Ele quem?

_O Roberto.

Eu odiava as brincadeiras de mau gosto de Lúcia, aquela vagabunda.

_Ai sua idiota, fala sério.

_É sério, ele vai casar.

_com quem?

-Que pergunta idiota Cristina. Claro que com o Fernando, com quem mais seria?

Fiquei em silêncio, não conseguia acreditar no que estava escutando.

Senti um aperto no coração, a respiração parecia ficar ofegante meus olhos começaram a nublar.

_Mas como? Ele vai me abandonar? Vai me deixar sozinha?

_Meu Deus Cristina, você sempre soube que ele era gay. E depois, eles namoram a três anos!

Desliguei o telefone na cara dela. Não conseguia me acalmar. De repente veio o choro incontrolável. A dor era tamanha que pensei que fosse morrer.

Tinha dedicado tantos anos àquele homem. O mais bonito, o mais elegante. Adorava tudo nele: seu jeito de falar, de andar, sua risada. Sentia-se segura em dividir seus segredos mais íntimos.

Ele parecia entendê-la como ninguém.

Na verdade eram muito parecidos... Os problemas em se relacionar com as outras pessoas...

Pra eles o fato de ela ser hétero e ele gay era um algo a mais, a ânsia de entender os homens. Obviamente o que os divertia e os agoniava era o fato de não entenderem a sí próprios.

Ela ganhava muitos homens, e ele? Bom... Ele ganhava o dobro que ela haha.

Cristina se acalmara agora. Foi até a geladeira pegou uma polar. Tomou aquela cerveja pensando em Roberto, em todos os momentos que haviam passado juntos.

O fato de Roberto ter começado a namorar Fernando há três anos atrás não havia lhe preocupado. Conhecia Roberto o suficiente pra saber que um belo dia ele iria acordar enjoado, acabaria com Fernando e voltaria a ser o que sempre foi, o melhor amigo de Cristina!

Mas o namoro durou, e agora? Ele não vai mais morar com ela.

Com o copo na mão Cristina deu um longo suspiro e disse em voz alta:

_ Meu Deus, quanto drama. Tá na hora de arrumar um namorado...

*Aliás, eu também.


Friday, January 27, 2006


Todos os homens
Matam a coisa amada;
Com o galanteio alguns o fazem, enquanto outros
Com a face amargurada;
Os covardes o fazem com um beijo,
Os bravos, com a espada!
Um assassina o seu amor na juventude,
Outro, quando ancião;
Com as mãos da Luxúria este estrangula, aquele
Empresta do Ouro a mão;
Os mais gentis usam a faca, porque frios
Os mortos logo estão.
Este ama pouco tempo, aquele ama demais;
Há comprar, e há vender;
Uns fazem o ato em pranto,
enquanto que um suspiro
outros não dão sequer.
Todo homem mata a coisa amada!
- Nem por isso
Todo homem vai morrer.
Wilde
====================================================================

* Uma semana de trabalho:

Ela acorda todos os dias no mesmo horário.

Ônibus às 7:00, 7:30 no centro,acende um cigarro.

Capuccino no mercado e outro cigarro.

Bom dia ao porteiro,

pega os processos no armário.

12:00 intervalo, acende um cigarro.

Devolta ao trabalho até as 2:00,

e então ela está livre.

Que bom,acende outro cigarro!

Chega em casa e sua mãe preocupa-se:

_Mas tu já tomou tanto remédio e continua com essa tosse?

Que horror!

_Ai também né mãe, aquele ar-condicionado...

* I wanna be Audrey Hepburn.

Wednesday, January 25, 2006


.

===============================Hurts==============================

All These Things That I've Done
* Sabe que hoje pensado na vida... Então... Ouvindo Evil... Haha! Várias coisas...
Tu é meu tumati.
22/01:
_ Ai pensei numa coisa muito cruél agora. Me desculpa nem vou dizer, não foi de coração, foi meu dark side.
_ Outro?
/ risos.
===================================================================
Odeio quando eu ligo e as pessoas não estão.
Se fosse mais mimada, teriam que matá-la! haha
To muito Vandinha hoje.
Mas heim...Mudando de assunto,tá legal o tal do estágio.
Idiotheque:
que této esse som.
(te juro Mau, me ví num vídeo, matando 4 ou 5 pessoas, depois acendo um cigarro e olho pro nada com um sorrisinho bobo no rosto).
*Ciúme a morte não morreu por acaso!

Friday, January 20, 2006


"Cada um com seu brinquedo, todo mundo se diverte."
Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará
Jesus Cristo inda me paga, um dia inda me explica
Como é que pôs no mundo esta pobre coisica
Vou correr o mundo afora, dar uma canjica
Que é pra ver se alguém se embala ao ronco da cuíca
E aquele abraço pra quem fica.
Se é que já não entende...

Tuesday, January 17, 2006


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela,
Pela janela
Quem é ela, quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
E as crianças, pra onde correm?
Trânsito entre dois lados
De um lado, eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei, não tem ninguém ao lado.
*Eu vou fumar o meu cigarro e lembrar de alguma história.
Talvez eu faça isso na chuva.
Vocês podem ligar, eu não vou atender.
Talvez... eu brinque com o desejo de vocês como quem brinca de roleta russa. E porque eu deveria respeitar os caprichos dos outros? Alguém respeita os meus?
A decadência é um charme!
Se eu por acaso der meu talefone, não ligue. Obrigada.

Saturday, January 14, 2006



Na esperança de encontrar aquilo que se procura. O que é, não se sabe!

Canta pra subir.

Wednesday, January 11, 2006


A vida em preto e branco.
_______________________
A Lucidez Perigosa
Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além de que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano- já me aconteceu antes.
Pois sei que- em termos de nossa diária e permanente acomodação
resignada à irrealidade
-essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
Clarice

Nem mais, nem menos...

Friday, January 06, 2006


Círculo

Nasce um bebê/água no joelho/frieira no pé/ um dia um terçol/outro nem sol tem/ arranhado de gato/ desidratação/ queimado no fogo/ caindo no chão/ faltando ao recato/ apanhando do irmão/ dever escolar/ mamãe se queixando/ papai se mandando/todos a mandar/ depois vem colite/ e medo do amor/ caspa e sinusite/ extração (ai!) sem dor/ horror do ridículo/ gesto "pornográfego"/ o primeiro veículo/ e multa de tráfego/ logo o casamento/ a neurastenia/ vocação frustrada/ a taquicardia/ e logo o momento/ em que nasce outro bebê/ com água no joelho e frieira no pé...

A cada novo ano milhões de idéias para ser, e não sendo, tentando á todo custo conseguir com que seja. Um ano pra curar uma dor, pra conquistar um amor. Pra novas agonias, pra noites vazias... Pra abandonar o passado!

Um ano pra que se renove os desejos e renove as paixões. Pra novos amigos, novas emoções.

No mais, o que muda é o calendário. Um novo tempo?

O mesmo tic-tac do relógio, como a contagem regressiva de uma bomba, tic- tac, a vida é por um fio, tic-tac, tic-tac . BUM!!!

(Excesso de estima por mim mesma)